CORREIO DA PARAÍBA
Política
Paraíba – Quarta-feira, 19 de janeiro de 2005
HELDER MOURA
Problema da insegurança
Uma das cenas mais patéticas, reproduzidas pelos telejornais dos últimos dias, aconteceu após o assalto cinematográfico a três agências bancárias, em Sape. Foi precisamente naquele momento em que a população teve que empurrar uma viatura de Polícia Militar, que estava quebrada.
Assim, os policiais ficaram impossibilitados de iniciar, imediatamente, a perseguição aos bandidos. Aquele foi o retrato três por quatro do sistema de segurança pública na Paraíba. Uma realidade, claramente, em preto e branco, num contraste com a multicolorida propaganda oficial do governo.
Na verdade, aquela cena tem sido prevista, com todas as suas nuances, pelas entidades que representam os policiais paraibanos. Há poucos dias,o sindicalista Antônio Erivaldo, da Polícia Civil, dizia exatamente isto: “O sucateamento está levando ao caos o sistema de segurança na Paraíba”.
E a razão é muito simples: não adianta, simplesmente, mudar os titulares do sistema de segurança quando não se muda também a mentalidade. Ou quando não se leva em conta que os policiais precisam trabalhar com um mínimo de condições. Sem isto, restam apenas o discurso, ficção e mídia.
O problema é que o governo do Estado, talvez na ânsia de queimar etapas, começou primeiro a divulgar, antes de agir, efetivamente. Talvez tenha esquecido a lição de que a divulgação das obras de um governo deve suceder, e nunca anteceder, essas ações. Mas, o otimismo nos inspira a acreditar que ainda há tempo de por os bandidos pra correr da Paraíba. Tomara que não seja a pé.
Garoto propaganda
As entidades representativas da PM se reuniram, ontem, para avaliar a recente aparição do Sargento Dênis, no horário gratuito do TRE, usando espaço do PV, para “fazer louvação aos avanços da segurança pública no Estado”. As entidades devem emitir nota, hoje, criticando que, “enquanto na televisão, o suplente de deputado elogia a segurança pública, bandidos armados invadiam a cidade de Sapé, roubavam três bancos, em plena luz do dia”.
