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MULHERES DE FIBRA: ESPOSAS DE POLICIAIS ‘FECHAM’ 2º BPM E IMPEDEM SAÍDA DE VIATURAS

Policiamento do jogo Treze X São Paulo teve de ser feito por alunos do curso de formação e policiais de João Pessoa.

fig02p2011São elas que passam noites em claro à espera do marido, cuja função é arriscar a própria vida enquanto a sociedade dorme. São elas que choram a dor da perda quando, em defesa da sociedade, o marido não pode mais voltar para casa.

Foi por isso que as esposas de policiais e agentes penitenciários deram as mãos e realizaram um dos protestos mais ‘audaciosos’ que a Paraíba registrou nos últimos anos. Horas antes do jogo Treze X São Paulo, em Campina Grande, essas guerreiras ‘fecharam’ a entrada do 2º Batalhão de Polícia Militar e não deixaram que os policiais saíssem para o estádio.

Ao lado de pais, mães e filhos dos profissionais da segurança, as companheiras de luta diária abraçaram mais essa batalha que na Paraíba convencionou-se chamar ‘PEC 300’.

Com gritos de protesto e muita disposição, elas se concentraram em frente ao Batalhão por volta das 18h e só saíram depois que a partida terminou, às 22h. Nem as tropas de atuações específicas da PM (CHOQUE, ROTAM, CAVALARIA, etc.) nem a Rádio Patrulha saíram do quartel.

O policiamento do estádio teve de ser feito pelos alunos do Curso de Formação de Soldados. Um ‘risco’, já que a turma ainda está em treinamento e não pode usar armas. Equipes de João Pessoa foram acionadas para reforçar a segurança em Campina.

Por que ‘elas’?

Há quem estranhe as mulheres dos policiais assumirem o lugar deles para fazer protestos e reivindicações. Infelizmente, esta é a única saída que elas encontram para que seus maridos não sejam presos pela desnutrida democracia brasileira. Enquanto os militares ainda amargam os resquícios de ditadura e semi-escravidão, elas – por serem civis – não podem ser perseguidas nem presas por um regime que a sociedade (e a imprensa) insiste em dar as costas.

Por que não foram retiradas?

Qual o professor que reprova seu próprio filho na escola? Qual o médico que não se apressa quando o paciente é um ente seu? Você já ouviu jornalista criticar ou denunciar alguém da família dele? Pois é. Ninguém gostaria de atirar munições de borracha nem gás lacrimogêneo contra seus pais, filhos e esposas. É ‘desumano ao quadrado’…

Por que conseguiram?

Porque já estão acostumadas a lidar com o medo, a solidão e os desafios. São elas que passam noites em claro à espera do marido, cuja função é arriscar a própria vida enquanto a sociedade dorme. São elas que choram a dor da perda quando, em defesa da sociedade, o marido não pode mais voltar para casa.

ParaibaemQAP

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