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Bomba chiando

Qualquer cidadão paraibano, no perfeito domínio do seu senso, considerou uma absoluta coincidência, o Governo do Estado ter desembrulhado, ontem, um pacote de bondades pros policiais. Justo no dia que a categoria havia convocado uma manifestação em favor da chamada PEC 300? Mera coincidência.

Foi coincidência ter anunciado pela manhã (a manifestação seria à tarde) a convocação para o curso de formação de soldados de 700 aprovados em concurso. Apesar de estranho, porque pelo mesmo canal de comunicação, a pregação tem sido que o Governo está quebrado. E quebrado já pode contratar?

Uma mente doentia até poderia questionar: oxente, se pode contratar, é porque tem previsão de caixa, então por que está demitindo 36 mil servidores? O Governo também anunciou, na fatídica manhã de ontem, destinação de 480 casas para… os policiais, claro. Convênio com a Caixa. Foi um dia de um bom astral.

Mesmo assim, os policiais foram à praça para realizar um ato público e protestar contra o iminente não pagamento da chamada PEC 300. O movimento foi pacífico, apesar dos discursos mais inflamados especialmente do Major Fábio, que está no seu natural, defendendo a categoria que lhe deu quase 60 mil votos.

Mas, talvez não seja prudente apelar sempre para as coincidências. Quem ouviu os líderes do movimento de ontem pode perceber o clima de animosidade. Já não se descarta uma paralisação. A menos que o Governo tenha guardado um novo pacote de bondades para coincidir com o final do mês. Na hora de emitir os contracheques.

Diálogo só com o governador

O secretário Walter Aguiar (Chefe de Governo) mandou uma assessora procurar o Major Fábio e dizer que estava disposto a receber policiais para discutir sobre a PEC 300. O Major Fábio foi duro: “Nós não falamos com subalternos. Nós só falamos com o governador…” Refletiu um pouco e arrematou: “Daqui a pouco, vão querer que a gente dialogue até com o Sargento Denis ou o Flávio Moreira (presidente da Aspol), isto não existe, né?”

Demagogia

O governador Ricardo revidou a crítica dos policiais: “Quem lidera esse movimento precisa saber que as pessoas estão muito atentas. Sabem diferenciar o que é legal e o que é a demagogia eleitoral”.

O mesmo

Major Fábio ficou tiririca com declarações de Ricardo: “Ele continua o mesmo. Diz uma coisa e faz outra”. E explicou: “Ele atrai setores da corporação, oferecendo vantagens, só pra tentar nos dividir”.

Por Helder Moura
Jornal Correio da Paraíba

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