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Acusados de matar agente Chagas são identificados pela Polícia Civil

Publicado em: 09 de janeiro de 2007

A Polícia Civil em Campina Grande amanheceu ontem em clima de tristeza. O agente da PC, Ariosvaldo Pereira das Chagas, 49 anos de idade, foi executado na tarde de domingo passado com um tiro no pescoço efetuado por um grupo de jovens acusados de homicídios, roubos e assaltos nos bairros das Cidades, Catingueira, Mutirão e Jardim Verdejante. O policial estava investigando a atuação da quadrilha e foi morto no momento em que checava a informação de que os bandidos estavam em um casebre próximo à Ponte do Bairro das Cidades. Os suspeitos foram identificados como ‘Wallace’, ‘Batistinha’, ‘Chinês’ e ‘Erivan’.

Nenhum deles foi apreendido, mas a polícia está realizando diligências na área desde domingo com um efetivo de quase 50 policiais civis e militares. Após a execução, os bandidos levaram a pistola do policial. O velório aconteceu na Central de Velórios e o sepultamento no cemitério do Araxá, em Campina Grande. O corpo foi levado pela viatura do Corpo de Bombeiros e uma fila de viaturas da Polícia Civil seguiu o cortejo. Uma faixa preta foi colocada na frente da Central de Polícia, em mensagem de luto. Dezenas de pessoas seguiram o cortejo até o cemitério, onde houve muita comoção. Autoridades policiais e políticas estiveram presentes no sepultamento, marcado por uma sessão de tiros. O delegado José Pereira Barros foi designado pelo superintendente de Polícia Civil de Campina Grande, Severiano Pedro, para comandar a investigação sobre o assassinato do policial civil.

O delegado disse que os acusados do crime são suspeitos de assaltos e homicídios no bairro das Cidades e integram uma ‘gangue’ formada por adolescentes e adultos. “Estamos com nosso efetivo nas ruas em busca de prender esses bandidos. A polícia vai coibir a ação desses marginais e colocar atrás das grades. Muitos deles não são mais menores de idade”, explicou o delegado.

O policial civil Ariosvaldo Chagas fazia parte dos quadros da Polícia Militar da Paraíba e ingressou na Polícia Civil em 2 de maio de 1986. Na tarde de domingo, ele estava assistindo a uma partida de futebol, no bairro das Cidades, quando foi avisado por um amigo que os integrantes da gangue estavam escondidos em um barraco. O policial seguiu com o amigo até o local suspeito e encontrou os bandidos dentro de um barraco no quintal da casa do agricultor, Benone Lopes da Silva. No quintal, os vizinhos escutaram uma discussão entre eles e o policial e em seguida ouviram os disparos de arma de fogo. A vítima foi atingida no pescoço com um tiro e morreu na hora. O amigo que passou a informação fugiu do local em uma motocicleta. O proprietário do barraco foi preso acusado de favorecimento pessoal aos bandidos, mas negou envolvimento com eles.

Na manhã de ontem, moradores do bairro ficaram em silêncio com medo de represálias, mas um homem disse que os acusados estão escondidos no sítio Pau Branco e monitoram a chegada dos policiais.

· Família confessa que recebia ameaças

Ariosvaldo Chagas era considerado pelos colegas e superiores como policial de coragem que não temia enfrentar de perto a criminalidade. Nas principais operações comandadas pela Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), ele estava nas equipes que realizavam a investigação em meio aos criminosos. Por isso acumulou desde o início diversos inimigos entre os bandidos e não cansava de receber ameaças de morte.

A esposa dele, Rivaldete Figueiredo, disse que as ameaças se estendiam aos familiares dele. “Não tenho nem como contar quantas ameaças a gente já recebeu. Era ameaça por telefone, pela internet e de outras formas. Ele sabia do risco que corria, mas era a profissão que ele abraçou”, explicou.

O presidente do Sindicato da Polícia Civil da Paraíba, Antônio Erivaldo Henrique de Souza, aproveitou o momento para questionar a legislação que protege adolescentes que cometem crimes como este. O policial disse que essa é mais uma morte que reflete quanto está fragilizada a legislação brasileira. “Esses adolescentes que, às vezes têm mais porte que um adulto, cometem o crime que quiserem e não ficam um mês na cadeia. São postos em liberdade por uma lei protecionista e voltam a cometer os mesmo crimes. Enquanto isso, famílias estão sendo desfeitas e não há lei que repare isso”, comentou.

No ano passado, a Delegacia Especializada de Menores realizou a apreensão de 175 adolescentes acusados de assalto, tráfico de drogas, homicídio e roubo. As apreensões resultaram em 457 procedimentos instaurados pela delegacia.

Fonte: Jornal da Paraíba/ESDRAS MARCHEZAN

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