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Um delegado investiga até 170 casos

Em João Pessoa, 550 inquéritos de homicídios sem autoria conhecida estão em investigação na Delegacia de Crimes contra a Pessoa. Nos últimos dois meses, 40 inquéritos foram concluídos e a expectativa dos delegados e do Ministério Público é de que, até o final do ano, a autoria seja descoberta em mais de 50% dos crimes investigados. Segundo a titular da delegacia especializada, Daniella Vicuuna, cada um dos quatro delegados é responsável, em média, por 170 inquéritos.
Além da falta de recursos humanos, a delegacia especializada em investigar os crimes de homicídios se depara com a demora na conclusão de determinadas perícias por parte do Instituto de Polícia Científica (IPC) e com a falta de solicitação de perícias realizadas por outras delegacias distritais. Os problemas são gerados devido ao grande volume de trabalho nos órgãos. “Seria excelente se tivéssemos mais delegados, mais agentes e um plantão. Quanto mais especializado o trabalho, mais efeitos positivos vão surtir. Tenho solicitado uma análise da viabilidade de um plantão que funcione todos os dias, pelo menos em relação à equipe de investigação desta delegacia, para atender os locais do crime”, disse.
A delegada ressaltou a importância da parceria entre a polícia e a sociedade. “As provas técnicas são irrefutáveis e de grande importância, principalmente, na investigação de homicídios. Mas, mesmo que haja a prova pericial, as testemunhas também são importantes para afunilar as investigações e apontar os prováveis autores. Ter uma digital colhida no local do crime e precisar confrontá-la com um universo grande de pessoas é como procurar uma agulha no palheiro”, exemplificou.
Na avaliação do coordenador da Caimp/JP, Ricardo Alex Almeida Lins, a Delegacia de Crimes contra a Pessoa da Capital é a que possui a melhor estrutura. “A realidade das delegacias distritais não é a mesma da Delegacia de Homicídios, pois elas têm menos estrutura e atendem outros problemas. A equipe da Delegacia de Homicídios consegue desvendar muitos crimes que, a princípio, seriam de difícil elucidação. Mas, são apenas quatro delegados que têm que levar a termo cerca de 600 inquéritos. Por mais que eles trabalhem e descubram, em média, 20 a 25 homicídios por mês, sempre esse número aumenta”, disse.

Informatização ainda é um desafio

Um relatório divulgado há dez dias pela Central de Acompanhamento de Inquéritos Policiais do Ministério Público (Caimp/MP) revela que o excesso de trabalho concentrado em algumas delegacias é apontado por 20,5% dos delegados e policiais civis da Capital como a principal razão para a não conclusão dos inquéritos policiais no prazo legal. Ao lado do problema, foi citada a carência de agentes investigativos e de delegados adjuntos (mencionado por 16,6% dos profissionais ouvidos) e da “falta de empenho” de familiares das vítimas em indicar testemunhas importantes para desvendar um crime (citado por 10,7%).
O relatório diz ainda que apenas 10% das delegacias da Capital contam com viaturas descaracterizadas, que 50% das 24 delegacias inspecionadas pelo MP possuem algemas e que apenas sete têm coletes à prova de balas. Segundo 26,1% dos entrevistados, o fornecimento de munição não ocorre nem mesmo por meio de requisição. A informatização também é um desafio: a média de computadores em cada delegacia é de 2,37, o que é considerado inferior ao mínimo necessário (três) para impedir que o trabalho burocrático comprometa as investigações.
O acesso a bancos de dados criminais também é outro problema, já que 34,5% das delegacias não possuem acesso diretamente ao Infoseg e 31,8%, a nenhum banco de dados criminais. Aliado ao baixo salário, as péssimas condições de trabalho.

Fonte: CORREIO DA PARAÍBA

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