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Tráfico impõe toque de recolher

Os traficantes que atuam na comunidade do Taipa, no bairro de Costa e Silva, em João Pessoa, determinaram toque de recolher na área há cerca de três semanas. De acordo com relato de moradores, ninguém deve ficar nas ruas após as 22h, sob pena de serem mortos ou punidos com agressões físicas. A nova rotina está mudando os hábitos da comunidade e afetando os estudantes do turno da noite, que precisam sair da sala de aula às 21h30 ou trocar de turno. Eles contam que, pelo menos, cinco pessoas já morreram neste período.
“Depois das 22h, as ruas ficam desertas. Até mesmo quem trabalha ou estuda em outra área da cidade e mora aqui tem que chegar cedo ou então, dormir onde estiver mesmo. Muitos estudantes do período da noite já trocaram os horários nas escolas e quem ainda ficou, tem que sair da aula mais cedo. Ninguém é doido de contrariar as ordens dos bandidos, pois sabe que pode morrer de graça”, disse um estudante. Nenhum dos três moradores ouvidos pela reportagem do Correio da Paraíba quis se identificar, por medo.
Eles revelam que não há policiamento na comunidade e que, além do toque de recolher, os criminosos determinaram, ainda, que os moradores da Rua da Paz não devem passar na Rua da Taipa e vice-versa. Quem desobedecer, morre. “Isso prejudica muito todos nós, porque temos famílias que moram na outra rua e não podemos nem pensar em ir a casa deles. Temos que nos falar por telefone ou então, marcar um encontro num ponto fora do bairro”, disse uma moradora.
A situação chegou ao ponto de pessoas serem agredidas ou mortas nas ruas do Taipa durante o dia, na presença dos moradores. “Esses bandidos não respeitam ninguém, pode ser homem, mulher, criança, idoso, não importa. Se desobedecer, morre do mesmo jeito. Já vi pessoas serem agredidas e até mortas na rua, à luz do dia. Vivemos reféns do medo desses criminosos e ninguém tem coragem de denunciar nada. A falta de policiamento contribui muito para essa situação em que estamos hoje, tendo que respeitar bandido em toque de recolher”, desabafou um morador.

Sem denúncia

O secretário de Segurança e da Defesa Social (Seds) do Estado da Paraíba, Gustavo Gominho, afirmou que ainda não tem conhecimento sobre esse ‘toque de recolher’, porque a população se nega a passar informações à polícia, com medo de represálias. “As pessoas precisam chegar à polícia e contar o que está acontecendo. Não precisam se identificar e nem assinar nada, basta que relatem o fato para a gente ir atrás dos bandidos”, disse. Para ele, os traficantes estão em disputa pelo tráfico de drogas na Grande João Pessoa e por isso, querem tranquilidade nas comunidades para atuar. Gominho afirmou que uma operação deverá ser realizada dentro de seis dias para desarticular as quadrilhas de tráfico de drogas na Capital.

Alessandra Bernardo

 

Fonte: Correio da Paraíba

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