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Segurança privada cresce 53% na Paraiba

CORREIO DA PARAÍBA

CIDADES
Paraíba B-3* Domingo, 22 de junho de 2008

 

Segurança privada cresce 53% na Paraiba

*Tudo aqui está cercado de muros, cercas elétricas, seguranças… É um gasto grande e de eficiência relativa. Considerava esse lugar como uma ilha de tranqüilidade no Brasil. Hoje, não sei se não colocaria a Paraíba nos primeiros lugares do ranking de intranqüilidade nacional. Tenho a sensação de estar no Velho Oeste americano”, desabafou o coronel reformado do Exército, Luís Mário Vitória Neto, depois de ver sua esposa baleada numa tentativa de assalto, em Manaíra, há um mês. Um estudo da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist) apontou a sensação de insegurança provocada pelo aumento da criminalidade e da violência e a “limitação dos governos em suprir as necessidades atuais de segurança da sociedade” como alguns dos principais motivos para o crescimento da indústria de segurança privada.
Investir em equipamentos eletrônicos e na contratação de serviços de segurança para tentar proteger o patrimônio e resguardar a integridade da família tem sido uma necessidade, cada vez maior, na vida de paraibanos. De acordo com a Delegacia de Controle de Segurança Privada da Polícia Federal (Delesp/PF), o número de empresas de segurança privada autorizadas a atuar no Estado aumentou 53% nos últimos dez anos, passando de 15 para 23. Dos 30 estabelecimentos (entre sedes e filiais dessas empresas) legalizados, 63% estão em João Pessoa, 23% estão em Campina Grande, 10% em Patos e 4% em Cajazeiras.
Entre 2002 e 2004, o faturamento do setor (incluindo os segmentos de vigilância, transporte de valores, segurança pessoal, escolta armada e cursos de formação) aumentou 86% na Paraíba, passando de R$ 28 milhões para R$ 52 milhões, conforme revelou a pesquisa da Fenavist. A estimativa para 2005, era de que o faturamento chegaria a R$ 60 milhões na Paraíba, valor sete vezes superior ao gasto do Governo do Estado com segurança pública no ano passado (R$ 8,8 milhões, conforme informou o secretário Eitel Santiago). Em todo o País, o faturamento do setor cresceu 68%, entre 2002 e 2005, atingindo R$ 11,8 bilhões.
Além do faturamento, o número de vigilantes também é crescente. De acordo com a Delesp/PF, 3.538 vigilantes trabalham para as 23 empresas de segurança privada autorizadas, o que dá uma média de 2,3 vigilantes para cada policial militar responsável pelo policiamento ostensivo na Paraíba. Segundo o sindicato das empresas de vigilância privada da Paraíba, a cada ano, cerca de 1,5 mil pessoas concluem cursos de formação para vigilante. Nesse ritmo, a Paraíba terá, em três anos, mais vigilantes formados do que o número atual de PMs nas ruas.Eitel afirma que ricos se aprisionam em suas casas
Os últimos dados disponíveis na Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) revelam que, em 2005, 649 paraibanos morreram vítimas de homicídio doloso (com intenção de matar), sendo que 36% dos crimes foram cometidos em João Pessoa e Campina Grande. Em relação aos roubos, os dois maiores municípios paraibanos foram responsáveis por 77% dos 8.373 crimes cometidos em todo o Estado e por 58% dos 12.344 furtos registrados na Paraíba. Segundo a Senasp, em 2003, a Paraíba registrou 68.922 ocorrências, um aumento de 15% em relação a 2001.
Para o secretário de Segurança e Defesa Social da Paraíba, Eitel Santiago, essa situação ocorre devido à falta de investimento em segurança pública e em políticas sociais por parte de todos os governos. “Falta segurança pública porque o Estado não consegue resolver o problema de milhões de pessoas que não têm acesso à escola de boa qualidade, à saúde, ao trabalho e ao emprego. Tudo isso leva à marginalização. O rico está se protegendo com medo do pobre, que está ficando esquecido”, explicou.
Eitel informou que, atualmente, cerca de 8 mil policiais militares são responsáveis pelo policiamento ostensivo em todo o Estado e reconheceu que esse número é insuficiente. “Estamos fazendo o concurso público para contratar mais mil policiais militares, estamos investindo em mais vagas nas penitenciárias e na contratação de agentes, além de aparelhar as delegacias, renovar a frota de veículos, investir na compra de armamento e munição. Mas, nada disso será suficiente se não houver uma reforma tributária para que Estados e municípios tenham mais dinheiro para investir em políticas sociais e de inclusão capazes de resolver o problema. Se isso não for feito, os ricos continuarão reclamando e vão continuar investindo em segurança privada. Eles mesmos se transformarão em prisioneiros, colocando grades em suas casas e contratando vigias”, disse.
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