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SAÚDE MENTAL DE POLICIAIS DA PARAÍBA ESTÁ FRAGILIZADA

 

 

Nos últimos dias do Setembro Amarelo, uma realidade precisa ser discutida: a saúde mental dos policiais, sejam civis e militares, não anda bem. Em todo país, entre 2017 e 2018, cresceu em 42,5% a taxa dos que tiram a própria vida, segundo dados do último Anuário de Segurança Pública, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número, entretanto, tende a ser ainda maior, uma vez que ainda há grande subnotificação. Na Paraíba, por exemplo, o estudo aponta zero casos de suicídio de policiais militares em 2018, quando, segundo dados da própria corporação, foram pelo menos 3.

No Estado, o suicídio é hoje a terceira maior causa externa de morte de policiais militares, perdendo apenas para homicídio e acidente de trânsito. Isso quer dizer que, retiradas as causas naturais, como doenças, a morte autoprovocada é a terceira razão de morte dos policiais, No Brasil, esta é a 8ª principal causa externa de morte, enquanto no mundo é a 10ª, As informações são do estudo Perfil da Mortalidade por Suicídio no Seio dos Policiais Militares na Paraíba, desenvolvido pelos coronéis Walber Rufino e Onivan Oliveira, da Polícia Militar da Paraíba (PMPB).

A pesquisa, que está em desenvolvimento, analisa 2,305 mortes de policiais militares paraibanos entre os anos de 1990 a 2018. Deste total, 46 foram relativas a suicídio. Não dá para determinar uma razão única para estas mortes, entretanto estudos reforçam que a saúde mental do policial não pode ser deixada em segundo plano, destaca o coronel Onivan Oliveira, um dos responsáveis pelo mapeamento. “tudo que não é causa natural, é considerada ‘causa externa’. O suicídio é apontado como a terceira principal causa. Os dados têm mostrado preocupação não só na Paraíba, mas no país e no mundo. Vários artigos científicos têm mostrado que a atividade policial apresenta uma taxa maior de suicídio que a população em geral”, disse.

As maiores vítimas são os mais jovens. De acordo com a pesquisa, 67% dos que tiraram a própria vida tinham menos de 18 anos de serviço a corporação. Destes, 33% tinham menos de 8 anos de serviço; 86% deles estavam na ativa. A pesquisa mostra ainda que 60% deles eram cristãos e 57% estavam casados, o que mostra que, ao menos no que se refere às informações pessoais, eles viviam dentro dos padrões de normalidade brasileiros. “Estamos estudando artigos e montando uma rede de pesquisadores para entender melhor. Não dá para apontar uma coisa só. É o estresse da profissão, o uso de drogas, escala de serviço, o fato de estar armado, a situação conjugal. A profissão, sua atividade, tem propiciado mais suicídio do que a taxa da população em geral. E no ano de 2018, em particular, mostrou que tivemos mais mortes por suicídio do que na atividade propriamente dita. Isso chama a atenção”, disse o coronel Onivan.

 

Fonte: JORNAL CORREIO DA PARAÍBA

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