O pé mais atrás ainda’, no que diz respeito a determinadas notícias da mídia nacional e mundial. Segundo o Movimento Internacional pela Paz e Não Violência na Paraíba (MOVPZA/PB), a área da grande João Pessoa é mais violenta do que a zona de guerra do Iraque. Será?
De acordo com o coordenador do órgão, Almir Laureano, a conclusão se baseia no número de mortes por arma de fogo na região da capital paraibana, que registra uma média de seis assassinatos por dia. Ou seja, em torno 180 homicídios por mês.
Até aí, tudo bem. Nada contra os números. O problema é que, pelo menos nos meios onde a informação foi divulgada, não foram revelados os dados referentes à zona de guerra do Iraque. Isso impede qualquer tipo de paralelo, para sabermos se, de fato, é mais fácil morrer por arma de fogo na grande João Pessoa do que na zona de conflitos do Iraque.
Conforme números da agência de notícias EFE, publicados pelo Uol [veja aqui], em três anos morreram cerca de 600 mil pessoas na guerra iraquiana. O que daria mais de 200 mil mortes/ano ou 16 mil óbitos por mês.
O então presidente George W. Bush rebateu, dizendo que as estatísticas estavam equivocadas. “Foram ‘apenas’ 30 mil mortes nesse período”, disse o ex-presidente americano, mostrando, assim, uma média aproximada de 833 mortes por mês.
Como se vê, a guerra dos números é tão acirrada quanto o confronto das armas. E não se consegue chegar a denominador comum.
Voltando ‘pra cá’
Mas tudo bem, digamos que a grande João Pessoa registre 180 mortes por arma de fogo ao mês. Se o entorno da capital paraibana já conseguiu desbancar a terra de SaddanRussein (segundo a versão do MOVPAZ/PB), o que dizer das demais capitais brasileiras? Quantas pessoas morrem por arma de fogo na grande Recife? E em Maceió? E em Fortaleza? E no Rio de Janeiro? Alguém discorda que essas áreas são bem mais violentas do que a já perigosa Paraíba?
Sem sentido
Ora, se o Brasil está dando de banho no Iraque em mortes por armas dede fogo – ou seja, em violência nua e crua –, por que invadir o Iraque e promover uma guerra? Não seria mais lógico ter invadido o país do futebol para ‘botar’ ordem na casa? Qual a falha de SaddanRoussein, no quesito violência, que não foi cometida por Lula, Fernando Henrique e companhia?
Deixando claro
Não estamos, de forma nenhuma, querendo fechar os olhos para a violência em João Pessoa e na Paraíba. A cada ano, vemos o banho de sangue se espalhar pelo estado, como se o vermelho da bandeira paraibana fosse cada vez mais ‘engolindo’ o preto (que só ocupa um terço do espaço). Medidas urgentes e eficazes têm de ser tomadas para estancar essa hemorragia forçada que só nos envergonha.
Porém, fica difícil acreditar que o nosso Sublime Torrão tenha chegado a este nível, a ponto de deixar Russein impressionado com João Pessoa, Bayeux, Conde e Santa Rita, se estivesse vivo.
Ou as estatísticas na Paraíba tomaram um Red Bull, ou a mídia nacional e mundial ajudou amatar um governante iraquiano que, pelo menos no quesito violência, poderia estar dando aula a gestores públicos brasileiros.
Fonte:
ParaibaemQAP
