Não reconheço mais a Paraíba em que nasci e que sempre esperei ver próspera, justa, fraterna, solidária, digna dos mais sagrados valores da cidadania e da democracia cultivados por sua gente boa e honesta.
Não reconheço mais a Paraíba de tão degradada que se encontra por conta da mentira, do engodo, do ludibrio e da mistificação que se fizeram instrumentos de ascensão social e política em minha terra.
Não reconheço mais a Paraíba em razão de tantos desvios de conduta e de recursos públicos, de tanto patrimonialismo nos escalões dirigentes, de tanta advocacia administrativa, de tanta depreciação moral no exercício do poder.
Não reconheço mais a Paraíba em que instituições e órgãos de controle e fiscalização acompanham passivamente a sucumbência da moralidade, da probidade, da honradez, da lisura e integridade legal dos negócios públicos.
Não reconheço mais a Paraíba onde nunca antes em sua história operou-se tamanho locupletamento a partir do domínio do poder e submissão de poderes constituídos a interesses privados.
Não reconheço mais a Paraíba na qual as concorrências públicas cedem lugar aos direcionamentos, às fraudes de todo tipo e sorte, do sobrepreço como regra à habilitação de licitantes de fachada e aos vencedores previamente acertados.
Não reconheço mais a Paraíba subjugada à prepotência dos autoritários, à arrogância dos soberbos, à intolerância dos preconceituosos, à empáfia dos boçais, à mediocridade dos idiotas que perderam a humildade.
Não reconheço mais a Paraíba por ver o meu Estado sob domínio de poderosos que tentam a todo custo e a qualquer preço judicializar a liberdade de expressão, criminalizar o direito de opinião, esmagar as possibilidades de divergência.
Não é essa a Paraíba com que sonho e pela qual me bato há tanto tempo, tendo a palavra sincera como arma para batalhar ao lado dos meus concidadãos que igualmente sonham com uma nova Paraíba de verdade.
Mesmo assim, enquanto puder, vida e alguma inteligência houver, jamais abandonarei essa trincheira, porque tenho a consciência limpa e, neste espaço, a chance de dizer aos nossos ridículos tiranos: nada tenho a temer, a não ser o correr da luta.
FONTE: Redação – Rubens Nóbrega