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Pais prendem filhos em casa para protegê-los da violência

Cidades – Domingo, 2 de Dezembro de 2007 – B5

Pais prendem filhos em casa para protegê-los da violência

Uma pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com cerca de 3 mil adolescentes, de 15 a 19 anos, de todo o País revela que a falta de segurança, a corrupção e a discriminação racial estão entre os problemas mais graves apontados pelos jovens. A violência, as drogas, a criminalidade e, ainda, a corrupção dos políticos, o desemprego, a fome, o racismo, a educação precária e o analfabetismo são os problemas que mais envergonham os jovens. A segurança pública oferecida no País é a maior vergonha do Brasil atualmente, segundo 20% dos pesquisados. A polícia também foi citada na pergunta qual a “maior vergonha do Brasil”, feita de forma aberta e espontânea durante a pesquisa, divulgada na última quarta-feira.
A violência urbana está provocando um sentimento de insegurança entre as famílias paraibanas. Os jovens estão entre as principais vítimas dos assassinatos e das drogas. Com medo, pais estão “aprisionando” os filhos em casa para protegê-los. Adolescentes já estão abrindo mão do direito ao lazer para não serem alvos de bandidos.
Para tentar mudar esse quadro, jovens sugerem políticas públicas para ajudar a combater a violência e as drogas. Mas eles também pedem ações dos governos federal, estadual e municipal para garantir emprego e uma boa educação para todos, com escolas mais atrativas e “acolhedoras”, que recebam os alunos, sem preconceitos.
“A falta de segurança é o principal problema no nosso Estado e no restante do País. Existem vários outros problemas, como a qualidade na educação. Não somos preparados para o primeiro emprego e as escolas deveriam ter mais meios de atrair a gente, tratando todo mundo sem discriminação”, revelou o jovem paraibano José Carlos Santos Lima, 17 anos, integrante do Grupo de Jovens Protagonistas da ONG Apôitchá, do município de Lucena, que discute temas sobre a juventude e os problemas do País, como gente grande.
Esses problemas envergonham jovens como José Carlos, Elisângela da Silva, 15 anos e Jicélia dos Santos, 14. Paraibanos e integrantes da Apôitchá, eles dividem os mesmos sonhos: ter um País sem preconceitos, sem corrupção e sem violência, onde todos os brasileiros tenham os direitos respeitados, inclusive o direito a uma boa educação, que possa libertá-los e ajudá-los a concretizar seus projetos de vida.

Educação contra a criminalidade

Educar com criatividade. Esta é uma das missões do projeto Apôitchá (Associação de Apoio ao Trabalho Cultural, Histórico e Ambiental), Organização Não-Governamental que acompanha quase 2 mil crianças, adolescentes e jovens de seis meses a 19 anos, em Lucena, município localizado no litoral Norte paraibano. É desse projeto que vem a solução apontada por jovens, que citam prioridades para o desenvolvimento do Brasil. Eles mostram caminhos para reduzir a violência, a exemplo da implantação de políticas públicas para a Paraíba e o restante do Brasil, na faixa etária entre 15 e 19 anos. “É preciso uma melhor educação para conter a violência”, sentenciou o jovem José Carlos.
A Apôitchá – nome inspirado numa expressão local dos caboclos que quer dizer “a pois tá” – proporciona a esses paraibanos a oportunidade de aprender de forma criativa e dinâmica, participando de oficinas de arte-educação e atividades que despertam gosto pela leitura e escrita. Em Lucena, aproximadamente 32% da população não sabe ler e nem escrever e muitos jovens também estão expostos à violência, às drogas e ao trabalho infantil.


Henriqueta Santiago

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