Os moradores de Damião, a 212 km de João Pessoa, no Curimataú Paraibano, interditaram ontem o trecho da PB-103 que liga a cidade ao município de Barra de Santa Rosa. A interdição foi realizada em protesto à falta de policiais e ao aumento da criminalidade na região. Pedras, pneus e até carros foram usados para impedir a passagem de veículos pela única entrada do município. Segundo o prefeito Geoval de Oliveira Silva, apenas esta semana, mais de 10 mercadinhos, casas, veículos e postos de combustível foram roubados. Ele afirmou ainda que, há cinco anos, a delegacia está fechada e não há nenhum policial civil ou militar na cidade.
Damião possui, segundo o IBGE, 4.807 habitantes com a maioria deles na zona rural. “De 2000 a 2002, quando havia policiamento aqui, registramos apenas o roubo de uma televisão em todo o município. No ano passado, foram mais de 100 casos, segundo a Câmara Municipal. Houve até um homicídio em praça pública e não havia policial na cidade”, reclamou o prefeito. Para prestarem queixa, a população tem que ir até Barra de Santa Rosa, à 24 km. Segundo ele, mais de 2 mil pessoas participaram da manifestação que deverá continuar até o Governo enviar policiais para o município. “Os bandidos estão agindo a toda hora e a população está amedontrada com a situação”, enfatiza.
Delegacia fechada em Damião
Geoval reivindica a presença de pelo menos três policiais e a reabertura da delegacia. Ele afirmou ainda que enquanto os oficiais não estiveram no município, os manifestantes não saíram da pista. No lugar, tendas foram montadas e um sopão distribuído com os manifestantes. Segundo Francisco Ferreira, funcionário de uma oficina de estofados, os assaltos são vistos em todos o lugares.
“Na cidade, são os postos de gasolina, as casas e as motos que são roubadas. Nos sítios, os ladrões têm arrombado casas e levado até gado”, diz. De acordo com ele, os bandidos agem sempre a dois e em motos com capacete. A onda de crimes estaria causando até uma migração mais acentuada da zona rural para a sede do município.
O agricultor Antônio João da Rocha foi uma das vítimas dos assaltantes. Ele teve oito ovelhas roubados do sítio em que mora na zona rural de Damião. “Era 1h30 da madrugada quando eles entraram na minha casa e levaram minhas ovelhas que eu ia vender por R$ 800 na feira”, lamentou. Para o também agricultor Deusdete Ferreira dos Santos, a insegurança tem atrapalhado até o seu descanso. “A gente dorme e acorda ajustado com o medo dos ladrões”, disse. No último assalto em Damião, os assaltantes dispararam tiros para o alto e contra paredes, mas ninguém saiu ferido.
Adilson Alcantara, radialista da cidade, informou que recentemente um rapaz foi morto às 16h00 e apenas às 21h00 é que a polícia apareceu no lugar. “Eu tive que pegar um carro de um amigo meu para ir até Barra de Santana, à 24 km daqui, para apanhar o policial”, relatou.
Fernando Ivo
