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DILMA CHEGOU E VOLTOU. E A PARAÍBA É A MESMA  

GILVANFREIRE2012A Paraíba está do mesmo tamanho que o presidente Lula deixou em 2010, quando passou o bastão presidencial à Dilma. Nada de mais para um Estado pobre que passa décadas sem apresentar mudanças em seu perfil de atraso cultural e social e em suas relações políticas internas.

Com Lula presidente, o país todo mudou. A economia cresceu, houve redistribuição de rendas e a miséria estancou seu curso perverso cinco vezes centenário, que impossibilitava que os pobres fossem considerados gente.

Lula arrastou o Brasil com sua força de matuto entroncado nordestino como quem puxa um trem de luxo carregado de miseráveis nos últimos vagões. Ele sabia que o país e o Nordeste pertenciam ao mesmo trilho mas as locomotivas e seus maquinistas só davam assistência aos vagões de primeira classe. Foi ele quem misturou os vagões e assumiu o comando da locomotiva, e a partir daí os pobres puderam chegar a um destino onde nunca tinham chegado antes. E cunhou a frase emblemática, repetida trilhões de vezes: “nunca antes neste país”, que funciona como um divisor da história brasileira, antes, durante e depois de Lula.

Mas o grande drama do Nordeste é que Lula só é eterno enquanto dura e seu poder teve uma eternidade de curta duração. É bem verdade que Lula só precisava ser Lula enquanto fosse presidente, e o resto o povo teria de fazer sozinho, educado por ele para não mais ser escravo de ninguém.

Por que o povo nordestino ganhou muito mas não aprendeu muito com Lula? É porque Lula é um líder político, um ícone dos descamisados, mas não é um educador, um transformador de consciências humanas, um revolucionário social, embora tenha transformado o ambiente sociológico através de alavancas econômicas: a renda mínima familiar dos pobres.

APESAR DE TER RESGATADO OS MISERÁVEIS DA SARJETA onde se encontravam há séculos, Lula deixa como herança um modelo de governança que pouco tem a ver com o melhor futuro dos pobres do Brasil e do povo do Nordeste: um sistema continuista de governo a serviço de um partido (que nada tem de revolucionário) e comprometido apenas com a manutenção do poder à custa da exploração eleitoral dos famintos, que se transformam em bolsistas do domínio político e do culto à personalidade dos líderes.

Contudo, a pior herança de Lula para o país e para o Nordeste é Dilma, que além de perder o controle da macro economia e dos negócios do Estado, só avança na área de exploração eleitoral deixada por Lula, o celeiro escolhido para garantir a reeleição da president(A) e manter um projeto de poder no lugar de um projeto transformador de governo.

Mas, isso ainda não é mesmo o pior. O pior é ela não ter nascido como Lula no Nordeste e nem ter assumido compromissos com a região. Isso é o maior drama do Nordeste hoje, até que surja outro Lula, e até que os povos nordestinos não sejam obrigados pelas bolsas de submissão a votar no PT como partido único do continuísmo assistencialista.

Se bem que do PT o povo já vem cuidando bem, especialmente no Nordeste. Mas Dilma o socorre como Lula fez com os pobres nordestinos: misturando os vagões e puxando o trem com o combustível financiado pelo Estado, até o lugar onde nunca poderiam ter chegado – o PT e ela -, não fosse Lula, o eterno que, sem eles, poderia ter mais longa duração.

Gilvan Freire

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