CIDADES

Aline Oliveira                                                                                                                      PÁGINA 11

DELEGADO DA PB TEM PIOR SALÁRIO DO PAÍS

O salário inicial dos delegados da Polícia Civil paraibana é o pior do Brasil, de acordo com um ranking divulgado esta semana pela Associação dos Delegados de Polícia (Adepol/Brasil). O vencimento base paraibano é de R$ 880, chegando a R$ 2 mil depois de somar todas as gratificações, enquanto na Bahia o salário é de R$ 2,1 mil e em São Paulo, R$ 2,5 mil, os segundo e terceiro lugares na lista dos piores. O delegado paraibano não ganha nem um terço do melhor salário do país, de R$ 7 mil em Brasília, e metade da média nacional.

Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil da Paraíba, Antônio Erivaldo Henriques de Sousa, os valores dos vencimentos de outras categorias dentro da Polícia Civil também seguem essa onda. O escrivão, por exemplo, tem um salário base de R$ 440, que sobe para R$ 840 quando somam-se os benefícios.

No caso dos motoristas policiais, a base é de R$ 264, ficando em R$ 560 quando feitos os acréscimos. Erivaldo acredita que essa tem sido uma das principais razões para a evasão dos profissionais recém-concursados. Mais de 50 mil candidatos fizeram provas, quase 1,2 mil foram aprovados, classificados e formados pela Academia de Polícia, 532 foram chamados em abril do ano passado e 74 já pediram exoneração porque desistiram do trabalho.

Muitos dos candidatos vieram de lugares distantes, como Mato Grosso e Brasília, para se submeter ao concurso, mas Antônio avalia que “a maioria logo percebeu que é impossível manter a família numa cidade nova com um salário desses”.

O sindicato denuncia que falta tudo: computadores, viaturas, material de expediente, condições mínimas para realizar o trabalho. Antônio Erivaldo conta que, desde o dia 13 de dezembro do ano passado, a categoria vem pedindo uma audiência com o governador Cássio Cunha Lima para apresentar uma lista de reivindicações que pretendem reduzir essa diferença, mas até agora não foram atendidos.

Diante da situação e do impasse de mais de cinco meses, a categoria já pensa em montar um calendário de mobilizações a partir de junho para pressionar uma solução por parte do governo do Estado e não descarta a possibilidade de uma paralisação geral.

Uma reunião na próxima semana deve definir a estratégia de ação. Se não forem recebidos, os policiais pretendem inclusive entrar com ação no Tribunal de Justiça para que pelo menos o Estatuto seja revisto. Além das questões salariais dos policiais, Antônio Erivaldo também denuncia que existem algumas delegacias que estão com o pagamento do aluguel atrasado, como é o caso da de Santa Rita.

EXPLICAÇÃO

O secretário de Administração do Estado, Gustavo Nogueira, explicou que existe uma política de melhoria salarial para todo o funcionalismo público estadual, que envolve o pagamento do novo salário mínimo de R$ 300 a partir desse mês, e que o governo está aberto a conversar sobre o assunto com os policiais. “Em relação ao Plano de Cargos, já efetivamos o de várias categorias, a exemplo da Saúde e dos Militares, mas precisamos conversar melhor a esse respeito”, disse.

O secretário de Segurança Pública do Estado, Harrison Targino, foi procurado pela reportagem para comentar o assunto, mas não retornou a ligação.