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CARREIRA POLICIAL E OS PRINCIPAIS ANSEIOS DA COBRAPOL

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Jânio Bosco Gandra presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores Policiais Civis –COBRAPOL, juntamente com Antonio Erivaldo Henrique de Sousa Presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado da Paraíba – SSPC/PB, que também é diretor financeiro da COBRAPOL, fizeram uma visita a Diretoria do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal – DF, além de discutirem vários assuntos de interesse da classe, também participou da reunião o presidente da Feipol Centro Oeste Divinato da Consolação. Em seguida Gandra deu entrevista exclusiva para o Site do SINPOL/DF.

Como surgiu o interesse pela carreira policial?

Surgiu a partir da dificuldade e da inexistência da carreira na polícia, e isso traz danos e compromete a carreira do policial. Não há uma perspectiva para que o policial galgue dentro da instituição. Na maioria das vezes o policial se qualifica, mas quando ele chega à instituição e se depara com essa situação caótica de carreira pela inexistência, acaba desmotivado. Isso foi um dos fatores onde me chamou a atenção. Entrei porque eu gosto da profissão, e acho que o policial está conquistando cada vez mais o seu espaço.

Como e quando o senhor ingressou na PC?

Eu entrei na polícia civil através de concurso público. Eu estava entrando na faculdade, quando prestei o concurso, tinha 24 anos. Comecei como investigador e continuo exercendo a função, estou a quase 25 anos na polícia civil.

Como o senhor se tornou sindicalista?

Contrariado com a situação de não haver uma carreira, me tornei um policial muito crítico, muito polêmico por conta disso, daí meus colegas me elegeram logo presidente do sindicato, e lá fui reeleito. Logo depois fui ser presidente da Confederação, a atualmente ainda estou como presidente, mas reeleito.

Então, a minha luta vem desde muito tempo, agora estamos tentando uma reorganização da categoria da PC e uma reaproximação dos policias federais, pois eles também têm problemas semelhantes aos nossos.

Eu creio que pode existir uma legislação única para todas as polícias, e também para as polícias judiciárias do país.

O que é a COBRAPOL e qual o seu principal objetivo?

A Cobrapol é uma entidade de terceiro grau que está na estrutura sindical, está no topo hierarquicamente das entidades, que são as confederações, federações e sindicatos na base, e representa as federações e os sindicatos dos policiais civis do Brasil.

Ela foi fundada em 1991, infelizmente não participei da fundação, eu ingressei no movimento sindical após essa fundação. A Cobrapol tem existido nesse período com uma dificuldade muito grande, agora que nós estamos começando a participar das propostas do Governo e isso é muito bom porque nós já conseguimos ingressar com algumas ações.

Nós já vencemos algumas demandas contra Governos estaduais fortíssimos, que tiveram que refazer as suas leis porque para nós e para o STF eram inconstitucionais.

De três anos pra cá, estamos passando por um outro estágio, pois antes nós só conseguíamos barrar as coisas ruins para a policia civil que transitavam no Congresso, mas agora nós já entendemos que precisamos construir algo, e esta proposta passa principalmente pela carreira única.

O Senhor acha que a polícia civil seria melhor estruturada se houvesse carreira única?

Eu não digo uma carreira única, mas sim uma carreira policial. O policial tem que começar pela base, como ocorrem nas melhores polícias internacionais.

A polícia civil seria melhor estruturada se tivesse um segmento atividade meio, como de fato tem, e atividade fim. Mas na atividade fim, a gente vislumbra que só poderá haver o ingresso na base, seja qual cargo for.

Na sua visão, existe algum conflito de hierarquia dentro da PC?

Sim, porque acaba sendo o chefe o policial novo que não conseguiu adquirir tempo de experiência. É preciso que a pessoa viva, a atividade policial é muito tensa, é muito arriscada. Caberia a um engenheiro recém-formado chefiar uma equipe, mas ao policial não.

O policial enfrenta situações do dia-a-dia que academia nenhuma vai passar pra ele. Nenhuma faculdade vai formar um policial, ele precisa ter conhecimentos teóricos sim, mas aliados à prática, porque a prática, o exercício da atividade vai dizer se ele é um policial, ninguém faz policial, para ser um, tem que ter o dom.

Qual a sua opinião em relação à PEC 549?

Eu acho um tremendo equívoco por parte da classe dos delegados, eles não nos procuraram, não sei por que, mas certamente saberiam qual seria nosso posicionamento.

Polícia é equipe, polícia não é delegado. Ninguém trabalha só, principalmente fazendo polícia. O delegado é importante porque ele faz parte da equipe, ele é um coordenador das atividades que são necessárias, colhendo provas, e ele tão somente faz o seu relatório, mas para isso ele precisa da colaboração do policial, ele não faz nada sozinho. Não concordo com essa Proposta de Emenda Constitucional.

O STF arquivou o HC impetrado pelo Sinpol, o senhor acredita que ele irá arquivar também HC impetrado pelo SINDIPOL?

Pelo que indica sim. O Ministro Celso de Mello arquivou o HC do Sinpol alegando inépcia do pedido, ou seja, entrou de forma errada, pela visão dele.

A Confederação também já ingressou e o nosso não foi indeferido, pelo contrário, trafegou e está na Procuradoria-Geral da República para que seja emitido um parecer e volte para as mãos do Ministro Cezar Peluso, e aguardamos ouvir a voz dos outros ministros, mas enquanto isso está prevalecendo essa expectativa.

Como é a relação entre SINDIPOL e COBRAPOL?

Nós começamos ano passado a ter uma aproximação maior com o Sindipol, tivemos algumas lutas em comuns, e sempre estamos fisicamente juntos e unidos em conjunto.

Recentemente tivemos uma empreitada com os delegados pela PEC 549, nós fomos lá e tivemos que dizer a cada deputado porque éramos contra a PEC. Não somos contra os delegados, não somos contra o crescimento de quem quer que seja, cada um que busque seus horizontes, mas não concordo da forma equivocada que os delegados buscaram essa isonomia, esse tratamento diferenciado, buscando carreira jurídica.

A meu ver, essa proposta é equivocada e uma forma de buscar um reajuste salarial mexendo na Constituição brasileira.

Qual a importância de tratar desses assuntos em conjunto?

Nós buscamos encontrar soluções e temos uma proposta em conjunto com PF.

Eu acho que o caminho é esse, é buscar uma grande união entre os representantes e consequentemente com os policiais da base, para que possamos conscientizar a sociedade, o Congresso, os parlamentares de que é necessário que haja uma valorização definitiva da carreira policial, ou então não chegamos a lugar nenhum.

Vai haver uma desmoralização do Estado, nós não somos uma empresa, nós representamos esse Estado, nós temos o poder de polícia.

ASCOM: COBRAPOL/SINDIPOL/DF

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